No século XVIII, Carl Wilhelm Scheele (1742-1786) conseguiu isolar ácido tartárico (C 4 H 6 O 6 ) da uva, ácido cítrico (C 6 H 8 O 7 ) do limão, ácido lático (C 3 H 6 O 3 ) do leite, glicerina (C 3 H 8 O 3 ) da gordura, ureia (CH4 N 2 O) da urina etc.
Foi por esse motivo que Torbern Olof Bergman (1735-1784) definiu, em 1777, a Química Orgânica como a Química dos compostos existentes nos organismos vivos , vegetais e animais, enquanto a Química Inorgânica seria a Química dos compostos existentes no reino mineral.
Nessa mesma época, Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794) conseguiu analisar vários compostos orgânicos e constatou que todos continham o elemento químico carbono.
Em 1807, Jöns Jakob Berzelius lançou a ideia de que somente os seres vivos possuiriam uma“força vital” capaz de produzir os compostos orgânicos; em outras palavras, criava-se a ideia de que as substâncias orgânicas jamais poderiam ser sintetizadas , isto é, preparadas artificialmente — quer em um laboratório, quer numa indústria.
Em 1828, porém, Friedrich Wöhler efetuou a seguinte reação:
Desse modo, a partir de um composto mineral (cianato de amônio) Wöhler chegou a um composto orgânico (a ureia, que existe na urina dos animais); começava assim a queda da teoria da força vital.
Nos anos que se seguiram à síntese de Wöhler, muitas outras substâncias orgânicas foram sintetizadas (acetileno, metanol etc.). Em 1845, Adolphe Wilhelm Hermann Kolbe (1818-1884) conseguiu rea- lizar a primeira síntese de um composto orgânico (o ácido acético) a partir de seus elementos.
Desse modo, desde a metade do século XIX, os químicos passaram a acreditar na possibilidade de síntese de qualquer substância química. Abandonou-se, definitivamente, a ideia de que os compostos orgânicos deveriam sempre se originar do reino vegetal ou do reino animal. Em conseqüência, Friedrich August Kekulé (1829-1896) propôs, em 1858, o conceito, que hoje usamos, segundo o qual Química Orgânica é a química dos compostos do carbono.
A Química Inorgânica (ou Mineral), por sua vez, é a parte da Química que estuda os compostos que não têm carbono, isto é, os compostos de todos os demais elementos químicos . Apesar disso, o número de compostos “inorgânicos” conhecidos é muito menor que o de compostos “orgânicos”.
Em verdade, essa divisão da Química em Orgânica e Inorgânica é apenas didática, pois as leis que explicam o comportamento dos compostos orgânicos são as mesmas que explicam o dos inorgânicos. Além disso, existem substâncias, como, por exemplo, CO, CO2 , H 2 CO3 e carbonatos, HCN e cianetos etc., que são consideradas compostos de transição, pois encerram carbono mas têm propriedades mais próximas às dos compostos inorgânicos .
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